domingo, 24 de maio de 2009

Inovando na literatura 7

2-4-0- parte 7


No fim de semana, como planejado, viajou para conversar com a tia do réu. Foi sozinha, não quis ser acompanhada apesar da insistência do marido. Localizou a casa da parenta do assassino e tocou a campainha, ninguém atendia e depois de uma hora a promotora começou a ficar impaciente e percebeu que não tinha ninguém em casa. O padre da igrejinha ali perto foi falar com Janice.
- Esperando alguém minha filha?
- Sim padre, eu quero falar com a Maria Angélica, o nome da tia de João Paulo.
- Infelizmente você não vai encontrá-la aí.
- Por quê? Ela viajou ou algo assim?
- Já percebi que você não é daqui, ela está internada há dois meses no hospital público daqui. Se você fosse da cidade, com certeza saberia, já que a cidade é muito pequena e a senhora que você procura ficou conhecida, ela tem um tumor no cérebro. Mas o que você gostaria de falar com ela?
- Eu imagino porque ela ficou conhecida. Desculpe, não me apresentei, sou a Dra. Janice, promotora do processo contra o João Paulo, mais conhecido como assassino da cruz. Eu precisava de umas informações sobre ele, pois eu soube que ela o criou por algum tempo, mas como a fonte que eu preciso não está em condições de me contar só me resta ir embora.
- Eu posso te contar algo sobre este rapaz – respondeu o sacerdote.
O padre Francesco levou a promotora para sua casinha ao lado da igreja para conversarem.
- Sente-se aqui minha filha – disse o padre, oferecendo uma cadeira. Quer beber alguma coisa? Uma água ou vinho?
- Não, muito obrigada padre.
- Então. O que você quer saber sobre o jovem João Paulo?
- Tudo o que o senhor puder me contar.
- O jovem morou com a família até os quatorze anos de idade, seu pai era um grande empresário e eles viviam uma vida muito luxuosa. Acontece que quando o jovem tinha onze anos sua mãe adoeceu gravemente, aqui na cidade não tinha hospital particular, por isso o empresário mandou a esposa para ser tratada numa cidade maior, com hospitais particulares melhor estruturados. Nesse tempo João Paulo passou a sentir saudades demais da mãe, ele fazia catequese na minha paróquia e era o aluno mais dedicado de todos. O pai dele traía a esposa com freqüência, um dia o filho viu o empresário mantendo relações sexuais com outra mulher e ficou abismado. Num dia, quando foi visitar sua mãe com essa tia que o criou, ele contou tudo, sua mãe morreu no dia seguinte. João Paulo ainda foi criado mais um tempo por seu pai, mas este também morreu devido a um acidente de carro numa estrada em uma viagem de negócios. Aí o jovem passou a ser criado pela tia, que freqüentava muito a igreja da cidade, o jovem também era profundamente religioso, fez crisma nesta paróquia, dizia que queria ser padre. O jovem cresceu culpando o pai pela morte da mãe, eu percebi que havia um pequeno desequilíbrio nele, não chegava a ser uma doença mental, mas ele não era completamente saudável da cabeça. Ele chegou a fazer um curso de filosofia numa faculdade de outra cidade, mas parou no meio. Quando ele começou a matar sua tia começou a adoecer, mas não era nada grave até então, assim ela passou oito anos sem saber o que tinha e o que fazer com o sobrinho. Há dois meses ela foi internada no hospital e descobriu que tinha o tumor no cérebro. O advogado do sobrinho que manda pagar o tratamento dela, as únicas coisas que a mantém viva são os aparelhos que o jovem ajudou a comprar para cuidar da mulher que o criou depois que virou órfão.
- Interessante – disse Janice. O senhor testemunharia no processo?
- Por favor, doutora, mantenha-me fora disto, não quero testemunhar contra o jovem do qual eu gostava muito.
- Tudo bem, o senhor já me forneceu uma boa informação. Muito obrigada padre Francesco, você me ajudou muito, pena que não poderei falar com a tia de João Paulo.
- É melhor não mesmo, por favor, poupe-a de mais sofrimento.
- Então, o assassino mata pessoas que cometem adultério.
- Deve ser isso mesmo promotora, acho que o trauma foi grande demais quando ele era garoto, com certeza afetou muito sua cabeça.
Janice foi embora de volta para casa com a informação que precisava, não toda ela, mas uma boa parte. Chegou em casa e pesquisou por adultério e encontrou o revogado artigo 240 do Código Penal Brasileiro, no mesmo instante ligou para seu chefe.
- Janice, hoje é sábado. O que você quer?
- Acho que finalmente descobri.
- Descobriu o quê?
- O que todo mundo queria saber.
- E o que seria isso?
- A cruz e o número.
- Continue falando.
- Pelo telefone é muito ruim de explicar direito, na segunda eu falo tudo.
- Te espero na minha sala na segunda pela manhã
- Tudo bem.
- Está feliz meu amor – disse Marcos.
- Estou ótima, consegui o que eu queria nessa viagem que fiz no fim de semana, em breve terminará o processo, tirarei férias e poderemos descansar finalmente, vamos visitar minha mãe e ficarei um pouco afastada dos pepinos.
- Graças a deus, finalmente você vai descansar.

Um comentário:

Aмbзr Ѽ disse...

estou lendo o conto, e até agora chei essa de serial killer fora do comum.

espero o proximo post.

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